Chris Carlsson na Massa Crítica

Transcrição da fala do Chris Carlson na Massa Crítica do primeiro Fórum Mundial da Bicicleta realizada em Porto Alegre, no dia 24 de Fevereiro de 2011.

Descrição

Chris Carlsson na Massa Crítica do 1º Fórum Mundial da Bicicleta (FMB)

Um dos precursores do movimento Massa Crítica, o norte-americano Chris Carlsson é escritor, historiador da contracultura e ativista do espaço público. É autor de livros como Nowtopia (A Utopia do Agora – tradução livre), sobre pessoas comprometidas com políticas alternativas de trabalho que vão além da lógica de mercado e que levam uma forma mais artística de pensar para seus projetos.

Sobre a produção do Zine:

Fazer a transcrição da fala do Chris Carlson na Massa Crítica do primeiro Fórum Mundial da Bicicleta foi uma emoção e tanto. Ao ouvir aquelas vozes, o barulho das pessoas, das conversas, as minhas risadas na gravação1, reconhecer as pessoas queridas que me acolheram naquele evento, o mesmo entusiasmo.

Embora a qualidade da gravação não seja a desejada, uma vez que deixei o gravador perto demais da caixa de som e a voz ficou estourada. Com isso, me comprometi em fazer essa desgravação para compas que me pediram naquela ocasião. Levei 10 anos para concluir esse projeto e só foi possível com o suporte e incentivo da companheira que me acompanha desde 2016. Obrigado, abobrinha! Agradeço também a colaboração fundamental de Sky e érri, que participaram nas diversas etapas deste material.

Os primeiros exemplares deste material foram impressos quando nosso amigo Giga e a cachorrinha Alegria estavam aqui pela cidade de Ponta Grossa (PR), em uma das paradas de sua viagem pela América Latina de bicicleta. Foi ótimo receber gente nossa para conhecer a Monstro dos Mares, tomar mate e colocar a conversa em dia.

Algumas amizades do pedal ajudaram a financiar minha participação no evento em 2012, onde pude, inclusive, apresentar um painel sobre o nosso Coletivo Autônomo de Bicicletas de Cachoeira do Sul, o Cicloativado (descontinuado em 2015).

As empresas de ônibus têm uma série de restrições para transportar bicicletas. Então, com a ajuda de um lojista, fizemos um esquema de encaixotar e desencaixotar a bicicleta de forma muito rápida, trocando algumas peças na bike do meu irmão que eu utilizava, uma Nishiki Acera de 1997. Cheguei na rodoviária de Porto Alegre com aquela caixa enorme, saquei a bicicleta ali de dentro, montei e entreguei a caixa no guarda-volumes (pois precisaria voltar dias depois). Saí de lá pedalando, entrei na Avenida Mauá e me senti extremamente feliz, pois estava pedalando em direção ao primeiro FMB.

Sem dúvida, foi um dos finais de semana mais importantes da minha vida, não somente como cicloativista (coisa que já nem consigo me sentir mais tanto assim, pois a pandemia acabou comigo), mas por sentir que estava participando de algo realmente transformador, que algo ali estava acontecendo definitivamente, que mudanças efetivas no horizonte do entendimento de cidade estava acontecendo. Mas eu não tinha dimensões do que representava aquela Massa Crítica na minha vida. Foram momentos incríveis.

Na concentração da pedalada no Largo Zumbi dos Palmares havia um universo de pessoas, de culturas, de identificações políticas, de diferentes regiões do país, de outros países. Naquele momento, Porto Alegre era a Capital Mundial da Bicicleta pra mim. Logo ao chegar, encontrei um barbeiro (no Rio Grande do Sul é assim que chamamos o profissional cabeleireiro), que tem o seu salão ali num reboquinho da bicicleta. O músico PLA, de Curitiba, também estava por lá cantando Pra andar de bicicletaaaa tem que ter moral, tem que ter moral… Várias pessoas que admiro estavam lá com suas bikes.

Pedalei com a suavidade de um adolescente. Foi um trajeto longo, passando por diversos bairros, era uma pedalada perfeita, sem carros, solzinho sem calor absurdo da capital nessa época e as pessoas pedalavam, cantavam, riam, conheciam-se, acenavam aos pedestres, trocavam histórias e experiências.

Eu não tinha celular e essa gravação na íntegra da fala de Chris Carlson é o único registro que tenho desse final de semana incrível. Quando o evento acabou, fui comer um sanduíche na Cidade Baixa e ao retornar pro apartamento que me acolheu, caiu uma chuva fininha e passei pedalando em frente à Câmara dos Vereadores me sentindo apaixonado pela vida, pela bicicleta e pelas escolhas que tomei. Eu havia desistido do meu emprego e ainda sigo assim, morando no interior, fazendo livros, onde a vida é menos intensa, pipocando de cidade em cidade a cada 2 anos, senti que aquelas ideias estavam me transformando em alguém diferente.

Ainda não sei ao certo quem sou, tampouco o que estou fazendo, onde estarei no futuro, se haverá futuro. Mas sei que hoje, passados alguns anos, que resolvi recuperar esse áudio que gravei para a Rádio Caruncho 88.7 FM Livre de Cachoeira do Sul e para o Coletivo Autônomo de Bicicletas, foi um grande feito na minha realização como pessoa, na afirmação de minhas memórias, na certeza de ter participado de algo realmente significativo e grandioso como nossas esperanças de transformação.

Então trago aqui, para monas, minas e manos, o registro de um tempo em que a felicidade andava estampada em nossos sorrisos, mesmo que fosse subindo a ladeira; com a ajuda das amizades, sempre vai! Mais adrenalina, menos gasolina!

Fiz questão de escrever esse breve relato sobre esses dias, pois é um modo de agradecer às pessoas que encontrei, reencontrei ou conheci naquele final de semana. Alan Chaves, Vicente Axrata, Bruna Niewsk, Núbia Quintana, Marcelo Sgarbossa, galeras do Bike Manaus etc., e às pessoas que contribuíram para que eu pudesse ir ao evento, meus queridos amigos Diego Kiefer, Guilherme Festinalli, Rodrigo Sanmartin Carlos, Simon B., Monica Beskow, Anelise Vargas, Patricia Stockey e Rafael Krügel, Dirlei, e outras tantas. Agradeço especialmente ao Chris Carlsson que aceitou prontamente em escrever algumas palavras para essa publicação. Sigamos pedalando!

Baderna James

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Título do livro:

Chris Carlsson na Massa Crítica

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