Descrição
Inspirando-se no importante escritor argelino Kateb Yacine, Yousfi explora formas de resistir à hegemonia cultural e moral do Império. Citando uma ampla gama de referências, desde as personagens de Toni Morrison e Chester Himes, até as letras de rap dos “profetas de rua” Booba e PNL, Yousfi exalta as virtudes de sua identidade bárbara e defende aquelas almas corajosas que recusam-se em ser “domesticadas”.
Discutindo o 11 de Setembro, a era colonial argelina, o tratamento dado pela mídia às celebridades de origem árabe, ou o estatuto de segunda classe dos cidadãos franceses de origem imigrante, a autora se coloca como um espelho intransigente do Ocidente e de suas deficiências morais, como se dissesse: posso ser um bárbaro, mas quem é o verdadeiro monstro?
Com um amplo repertório de referências culturais que solidificam seu argumento, este pequeno livro é uma ferramenta que amplia e enriquece o debate sobre a política cultural anticolonial e sua estética da resistência.
O sentimento de ilegitimidade é compartilhado por quase todos os desertores de classe. Enquanto isso, muitas pessoas que vêm das classes dominantes nunca se perguntam se são legítimas ou não. Elas “naturalmente” são. […] Permanecer Bárbaro ecoa em mim o que vivencio nos campos da literatura e da mídia. Parece-me que as classes dominantes não têm pressa em assimilar aqueles que falam em nome do mundo de onde vieram, e neutralizá-los. As pessoas gostariam que eu esquecesse tudo o que fez com que meus livros existissem, a violência social sobre a qual O lugar e A vergonha, por exemplo, foram escritos.
— Annie Ernaux
Louisa Yousfi, “uma aluna exemplar da República”, como ela mesma se descreve, escreveu um ensaio magnífico, estimulante e elegantemente narrado “em defesa da barbárie”. Ela explica que recusar a domesticação, as sutilezas piedosas e hipócritas, a oferta de ser acolhida no seio da assimilação, é a única maneira de produzir atos criativos e poesia puros. Convincente. Uma joia.
— Françoise Vergès
Permanecer bárbaro é encarnar o escândalo de uma diferença que não pede desculpas nem permissão, rompendo com o horizonte de expectativas do humanismo liberal. Os bárbaros que, no geral, interessam aos civilizados são, sobretudo, projeção e espelho: belos, eloquentes e progressistas. Falam bonito e são articulados.
— Acauam Oliveira
Em seu brilhante e contundente ensaio Permanecer Bárbaro, a jornalista faz referência ao escritor Kateb Yacine e aos rappers Booba e PNL e com eles lança as bases de um manifesto literário para um novo modo de pensar descolonizado na França.
— Bruno Deruisseau
Sobre a autora
Louisa Yousfi
Louisa Yousfi é jornalista e crítica literária. Cursou literatura em Lille e depois estudou filosofia em Nice, matriculando-se finalmente na escola de jornalismo em Bordeaux. Estudante dedicada, seguiu o conselho de seus pais, da classe trabalhadora, que tinham emigrado da Argélia para França, de “concentrar-se primeiro nos estudos e preocupar-se com a política depois”. Seu compromisso político materializou-se devidamente quando se juntou ao Parti des Indigènes de la République, um movimento antirracista e decolonial cujas ideias tiveram uma influência decisiva em Permanecer Bárbaro. Recentemente contribuiu para a obra coletiva Contre la littérature politique (La Fabrique, 2024) e atualmente está trabalhando em seu primeiro romance.