Descrição
A autora nos convida a olhar para esse problema sob um novo ponto de vista: para Daggett, a figura do homem violento e negacionista se fundamenta na privação de desejos ancorados do modo de vida fóssil-autoritário, da forma da família nuclear burguesa, com o homem provedor do lar, suas mercadorias e salários e na própria divisão sexual do trabalho.
A negação das mudanças climáticas ou das lutas contra o recrudescimento do patriarcado nas chamadas democracia do carbono está ligada a uma posição de recusa, já que os desejos do homem-fósssil estariam interrompidos pela catástrofe social climática – que ele conhece, mas não quer enxergar.
Isso explica tanto seu desejo por carros quanto a defesa irrestrita da exploração de petróleo e gás ou tudo mais que a democracia fóssil enseja, por vezes fazendo malabarismos argumentativos, dizendo-se humanista ou até em luta contra fome, em nome do desenvolvimento e da soberania nacional – sem notar que é justamente a economia fóssil capitalista que leva a expoliação de territórios inteiros.
Lado a lado com os poços de petróleo, a petro masculinidade se prolifera como um derivado sintético da violência fóssil, em cuja composição fundem-se misoginia, nostalgia e autodestruição.
E, debaixo dessa fumaça tóxica, se proliferam movimentos tais como os personificados e alardeados pelos clãs de trump e bolzon@ro.
Prefácio de Agnes de Oliveira
Posfácio de Alana Moraes
Tradução de Allan de Campos