Descrição
A união dos textos-panfletos da militante estadunidense Elizabeth Gurley Flynn, que atravessa um período de três décadas, de 1915 à 1946, demonstra surpreendente atualidade ao nosso tempo, em que vemos o ressurgimento de comportamentos fascistas em todas as gerações da população mundial e, ao mesmo tempo, enfrentamos, ainda, o desmonte profundo dos direitos dos trabalhadores e o vertiginoso descrédito da sociedade ocidental num mundo honesto, nas mudanças climáticas ou mesmo na revolução social.
Sabotagem não é apenas uma análise para constituição de táticas de resistência aos trabalhadores, mas também uma declaração ardente sobre a própria luta de classes que eles estão inseridos. Elizabeth demonstra que a sabotagem é uma ferramenta legítima de defesa e uma resposta importante à exploração de uma classe dominante que mantém o controle da produção e, consequentemente, da vida dos trabalhadores. Por isso, ela rejeita qualquer justificativa moral para essa prática, argumentando que, se a sabotagem se faz necessária, ela é moral em si mesma. Ela compara a sabotagem à guerrilha no processo da luta de classes. Enquanto a greve é uma batalha aberta, a sabotagem seria a luta silenciosa, mas constante, dentro das fábricas e instalações.
Já o segundo texto, Encontrar os comunistas, que dá subtítulo a esta edição, irá apresentar os atos, trabalhos e ideias de diversos e diferentes comunistas do período espalhados pelo mundo, começando pelo brasileiro Luís Carlos Prestes, e continua, num exercício quase ficcional, de imaginar encontros e de ter novos líderes com os leitores jovens do mesmo panfleto.
Elizabeth Gurley Flynn nasceu em 1890, em Concordia (EUA), e faleceu em 1964, em Moscou (URSS). Aos dezesseis anos, seis anos após ter chegado em Nova Iorque com sua família, formada por pais trabalhadores socialistas, ela proferiu seu primeiro discurso público, que ficou conhecido pelo título “O que o socialismo fará para as mulheres”, durante uma inquieta reunião no Clube Socialista do Harlem. Neste mesmo ano, Elizabeth foi expulsa da escola pública que estudava e, desde então, não somente acumulou mais de trinta panfletos políticos escritos aos trabalhadores, às mulheres e aos comunistas, também foi detida muitas vezes, sem nunca ter sido condenada por nenhum crime, como também atuou em diversas paralizações fabris, greves sindicais, manifestações públicas, sabotagens ao tempo de trabalho e às máquinas, revoltas, motins e insurreições nos EUA como na URSS. No ano seguinte, em 1907, adentrou o conhecido Industrial Workers of the World [Trabalhadores Industriais do Mundo], importante sindicato internacionalista fundado em 1905, em Chicago (EUA), se tornando rapidamente uma de suas maiores organizadoras, em tempo integral. Durante seu legado na IWW, foi detida e presa por aproximadamente dez vezes, até que em um acordo de confissão, em 1916, foi expulsa da organização. Não tardou e pouco tempo depois, em 1920, fundou o American Civil Liberties Union [União Americana de Liberdades Civis], no qual Flynn desenvolveu mais largamente suas concepções e ideias radicais voltadas aos direitos das mulheres. Foi somente dezesseis anos após a fundação da ACLU que ela se formalizou no Partido Comunista dos EUA, tendo se tornado sua presidente em 1961. E foi em uma de suas visitas a União Soviética que, aos 74 anos, ela faleceu, com um enorme funeral realizado na famosa Praça Vermelha de Moscou, com a presença estimada de pelo menos 25 mil pessoas.




