Descrição
Os discursos aqui reunidos foram proferidos, com exceção de “Mensagem às bases”, entre 1964 e 1965. Diferentemente dos grupos que pregavam a não violência, Malcolm X defendia uma resposta intransigente à injustiça da violência contra o negro. Mais do que ataque, tratava-se de autodefesa – de linchamentos, humilhações, precariedade, injustiça social. Seus discursos expõem a contradição que marca a história dos Estados Unidos: um país que se vende como a terra da democracia e das oportunidades, mas que praticou e pratica o racismo de forma estrutural e contumaz. O contexto de Malcolm, nos anos 1960, era de aberta segregação racial: pessoas negras não podiam votar e deviam ceder aos brancos seus assentos no transporte público. A Lei dos Direitos Civis, aprovada em 1964, enfrentava resistência violenta da elite branca e tinha pouco efeito na prática.
Malcolm buscava despertar nas massas a coragem de lutar pelos seus direitos. Sua atuação foi violentamente interrompida pelo assassinato que o vitimou, aos 39 anos. Malcolm X fala é a prova de que seu legado está vivo e de que suas palavras continuam atuais e potentes. O volume inclui ainda entrevistas, cartas e um memorando escrito para a Organização para a Unidade Afro-Americana.
“Malcolm não viveu a democracia com que tanto sonhou. Não lhe deram tempo nem chance de conhecê-la.” – Preta Ferreira (multiartista e ativista do MSTC).
“Eu não sou contra a lei, eu não sou contra a aplicação da lei. Precisamos de leis para sobreviver e da aplicação da lei para termos uma sociedade inteligente e pacífica. Porém, somos obrigados a viver nesses lugares submetidos às condições impostas por agentes policiais que não têm nenhuma compreensão, nenhum sentimento humano, nenhum sentimento pelo próximo.”
“O fato de uma pessoa estar vestindo um uniforme não dá a ela o direito de entrar atirando onde você mora. Não, isso não está certo. O que eu proporia é que, como o departamento de polícia não usa esses métodos em bairros brancos, que não venha usá-los no Harlem.”
– Malcolm X