Descrição
Escritos entre os anos 1970 e o fim da década de 1980, esses textos continuam atuais e instigantes, revelando a originalidade da abordagem da autora a temas como ciência, tecnologia e política ― sempre perpassados pelas questões de gênero e raça ― e evidenciando sua trajetória como bióloga que se torna historiadora da ciência até chegar a ser, para usar suas próprias palavras, uma “feminista ciborgue”, numa referência a seu texto-manifesto seminal, incluído no livro. Divididos em três partes ― a primeira, um surpreendente exame da tendencialidade nociva na produção de conhecimento científico sobre primatas, sobretudo do machismo intrínseco a tais práticas; a segunda, uma aguda contestação das noções de “natureza” e “experiência” baseada nas disputas pelo poder, analisando formas narrativas e estratégias feministas; a terceira, um mergulho na pós-modernidade ciborgue e em conceitos que estabelecem as bases do feminismo de Haraway ―, esses ensaios diversos se cruzam na crítica aos discursos dominantes, ao poder totalizante da ciência natural e à condução da pesquisa científica, assim como na proposição da natureza “como um processo cultural crucial para as pessoas que precisam e esperam viver em um mundo menos perturbado pelas dominações de raça, colonialismo, classe, gênero e sexualidade”. Em A reinvenção da natureza encontram-se, ainda, apreciações e propostas sobre questões cada vez mais prementes: a busca por uma “outra ordem de significação” e o caminho para uma nova realidade possível, da qual a solidariedade e a afinidade mútua são alicerces.