Escritos Sobre Educação e Geografia – Reclus e Kropotkin

“para aprender, tratemos antes de compreender”

Descrição

 O livro está dividido em cinco textos. De Reclus são “O ensino de geografia”, “Carta a Francisco Ferrer y Guardia” e “Prefácio a Noções de Geografia Física”. Já os textos de Kropotkin são “O que a geografia deveria ser” e “Uma carta de Kropotkin”, também destinada a Francisco Ferrer y Guardia. Os autores em seus textos fazem um alerta de que “para aprender, tratemos antes de compreender” e, para isso, recorrem ao método científico, ao estudo na natureza, para que o aprendizado se dê forma livre e divertida. As críticas, já naquela época, as escolas aparecerem tanto por suas características pedagógicas, quanto por sua aparência de prisão. 

 

O livro “Escritos sobre Educação e Geografia” nos trás, nas palavras de dois grandes expoentes do pensamento anarquista, ideias e discussões fundamentais sobre aquilo que se propõem discorrer, a educação, a geografia e o seu ensino. O fazem sem menorizar a importância da crítica a sociedade capitalista, expondo com clareza e entendimento, que a educação e a geografia propagadas pelo capitalismo são norteadoras de uma sociedade incapaz de lidar com aquilo que de mais bonito há no ser humano e na sua relação com o meio, a curiosidade e o poder de criação.
Estes escritos vem em um momento em que o anarquismo está saturado da distorção maléfica de uma parte da sociedade sobre suas propostas, suas visões de mundo e sua crítica política, econômica, social e cultural. Em que a educação, depois de ter tentado a adoção de algumas teorias e propostas alternativas, porém, na maioria das vezes, mal entendidas, mal sistematizadas e pouco exploradas e que portanto não poderiam ter outro caminho que não o fracasso, parece recorrer ao ensino tradicional como fórmula de se resgatar o sucesso pedagógico. E ainda, em um momento em que a geografia transmitida as crianças e jovens  hoje ainda serve para  enraizar uma organização social e política que desde sua origem beneficia uma ínfima parcela da humanidade e que ainda é ensinada através de registros e formas não acessíveis às crianças, pronunciadas mais como um “ato de fé”, pois deixa de lado a base de qualquer iniciação científica, a observação, como bem apontará e desenvolverá Éliseé Reclus.
Antes de levantarmos a bandeira do fracassou ou da limitação, é imprescindível que tenhamos tentado tudo, sabendo que se de fato tentamos todo o possível, o fracasso jamais triunfará. É para aqueles que assim compreendem que recomenda-se a leitura deste livro.
O movimento anarquista, tomando a liberdade de assim o dizer, sempre viu na educação uma chave fundamental para a transformação social e é na tentativa de se lançar luz sobre algumas propostas e ideias tão fundamentais a essa compreensão que estes escritos estão sendo lançados.
O livro está dividido em cinco partes. No “O ensino de geografia”, Reclus nos faz um alerta, “para aprender, tratemos antes de compreender” , e recorre ao método científico para que isso se dê forma livre e divertida, pronunciando sobre o malefício para a verdadeira aprendizagem o fato de já naquela época as escolas parecerem mais com uma prisão do que um lugar convidativo a descoberta. Aliás, para Reclus, a verdadeira descoberta se daria fora dos muros das escolas, tendo em vista que aprender se trata de conhecer a vida em suas infinitas dimensões, e essas dimensões seriam incapazes de serem apreendidas entre quatro paredes.
Seguimos com uma carta de Reclus ao pedagogo catalão Francisco Ferrer y Guardia, deixando claro que sente o fato do ensino da geografia estar “infectado do veneno religioso, patriótico ou de mentalidade burguesa”.
Finalizando seus escritos em “Noções de geografia física”, de forma bastante clara e objetiva, Reclus chama a atenção de que os vestígios da geografia se encontram já nos mitos mais primitivos, justamente por fazerem parte da vida humana. É bonita a forma como o autor aproxima a geografia da vida mais cotidiana, à trazendo para perto de nós, da forma mais simples e ao mesmo tempo, revolucionária.
Segue-se então com os escritos de Piotr Kropotkin, divididos em “O que a geografia deveria ser” e também em uma carta deste ao já mencionado Franscico Ferrer.
Kropotkin, em outros escritos, já nos disse que “o anarquiamo surge da mesma entranha da vida prática” e é em consonância com essa ideia que ele discorre sobre a geografia e seu ensino. Sobre essa relação, nos faz um alerta, “o que deveria ser super atrativo se tornou ininteligível”.
Kropotkin também acentua a sua visão do ensino da geografia como uma grande ferramenta de transformação do indivíduo e portanto, da sociedade.
Neste perspectiva, o livro é bem vindo nas mãos de todos aqueles que acreditam que a transformação social é feita por sujeitos, compreendendo que nos tornamos sujeitos na nossa relação com o mundo, pelas referências que nos são transmitida e aquelas que tomamos para nós. Nos diz Giampietro Berti, “parte dai a complexidade do problema educativo próprio do anarquismo , o qual deve perseguir o seu escopo considerando que a educação significa formação e formação significa, necessariamente, escolha de alguns modelos e transmissões de alguns valores, dado que a liberdade, a igualdade e a diversidade não são simples dimensões espontâneas de um indiferente crescimento do sujeito” .
Entre as teorias anarquistas e suas manifestações no campo educacional, está a revolução, a plena transformação da sociedade que é buscada a cada dia, das mais diferentes formas, nas mais diferentes esferas. Espera-se que a revolução compreenda espaços diversos, de todos aqueles que anseiam por um mundo livre. Sabemos que a luta não é fácil, portanto, adquiramos nós o máximo da instrumentalização que as décadas e séculos de companheiros e companheiras nos deixaram, Criemos novos instrumentos. Não é hora de renegarmos nenhum campo. E que assim, obtenhamos sucesso nesta nossa “exigência humana de liberdade”.
Boa leitura!!
Renata Santarem

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Título do livro:

Escritos Sobre Educação e Geografia – Reclus e Kropotkin

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