Laboratório Palestina

Laboratório Palestina:
como Israel exporta tecnologia de ocupação para o mundo

Autor: Antony Loewenstein
Tradução: Gabriel Rocha Gaspar

Descrição

Em Laboratório Palestina, Antony Loewenstein explica detalhadamente como Israel exporta tecnologia de ocupação para o mundo. Mas vai muito além disso. A influência e os impactos da indústria armamentista israelense e das tecnologias de vigilância desenvolvidas pela “nação startup” são o fio condutor utilizado para revelar as entranhas da maquinaria política, social, econômica e diplomática do Estado judeu, desde sua fundação, em 1948, até as vésperas da campanha militar genocida contra a população da Faixa de Gaza, iniciada em outubro de 2023 — episódio abordado em um prefácio exclusivo à edição brasileira. Fruto de vinte anos de trabalho investigativo e apoiado em farta documentação, a leitura de Laboratório Palestina não deixa dúvidas sobre as razões que transformaram Israel na utopia realizada da extrema direita mundial.

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Por trás do fracasso israelense de 7 de outubro, está uma combinação de arrogância hi-tech, calcada na crença de que o aparato de vigilância é impenetrável, com uma cegueira fatal das agências de inteligência diante dos claros sinais de que o Hamas preparava um ataque em grande escala. O fato de Tel Aviv ter sitiado Gaza com um conjunto de cercas, drones e aparelhos de escuta sempre se amparou na ideia delirante de que, cedo ou tarde, os palestinos se conformariam com seu próprio aprisionamento. […] Nada disso impede Israel de testar novos armamentos durante sua campanha de terra-arrasada contra Gaza depois do 7 de outubro. As ferramentas de guerra foram orgulhosamente exibidas nas redes sociais, tanto para o público doméstico quanto internacional — e, claro, a potenciais compradores globais. Israel usou armas guiadas por inteligência artificial para atingir alvos não militares com uma ferocidade nunca antes vista. É uma “fábrica de assassinato em massa”, como definiu um oficial da inteligência israelense. Esse é o modus operandi do Laboratório Palestina. […] A Elbit, principal empresa de defesa do país, já anunciou um “considerável aumento da demanda”. Feiras globais de armamentos em Singapura e Paris estiveram abarrotadas de israelenses promovendo armas, drones assassinos e aparatos tecnológicos de vigilância já “testados em batalha” na Faixa de Gaza. Sem dúvida, os instrumentos de morte utilizados tão impiedosamente em Gaza logo figurarão em outras zonas de conflito.

— Antony Loewenstein, no Prefácio à edição brasileira

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Israel desenvolveu um setor armamentista de categoria internacional, graças à conveniência de poder utilizar equipamentos em territórios palestinos ocupados para depois vendê-los como “testados em batalha”. Graças à marca IDF [Israel Defense Forces], empresas de segurança israelenses figuram entre as mais bem-sucedidas do mundo. O Laboratório Palestina é um tradicional ponto de venda israelense. […] Essa vantagem vem sendo construída há muito tempo. Em Pobre nação, relato seminal do jornalista Robert Fisk sobre a guerra civil libanesa, fica claro que o manual militar e retórico israelense estava sendo desenvolvido no início da década de 1980, quando o país invadiu e ocupou o Líbano de forma desastrosa. Já naquela época, os israelenses usavam o termo “precisão cirúrgica” para descrever os ataques de sua força aérea. O saldo de incontáveis civis libaneses inocentes assassinados nos bombardeios testemunha a falácia do termo. No entanto, como mostro em Laboratório Palestina, o fracasso militar no Líbano não impediu que Israel usasse a guerra como vitrine de armamentos e táticas. Sua propaganda ofereceu um atraente elixir às nações que compraram a ilusão de que o Estado judeu poderia ajudá-las com seus próprios problemas internos. Isso não era de todo uma mentira, mas o imenso custo humano nunca foi considerado na equação.

— Antony Loewenstein, na Introdução

 

SOBRE O AUTOR

Antony Loewenstein é jornalista investigativo independente, escritor e cineasta australiano de origem judaica alemã. Trabalhou em dezenas de países, incluindo no Sudão do Sul, em 2015, e em Jerusalém Oriental, entre 2016 e 2020. Como jornalista, contribuiu para veículos como The New York TimesThe GuardianThe Washington PostAl Jazeera e The New York Review of Books. É autor de Disaster Capitalism: Making a Killing out of Catastrophe [Capitalismo do desastre: fazendo fortuna com a catástrofe] (Verso, 2015); Profits of Doom: How Vulture Capitalism is Swallowing the World [Lucros da destruição: como o capitalismo de rapina está destruindo o mundo] (Melbourne University Press, 2013); e My Israel Question [Minha questão com Israel] (Melbourne University Press, 2011), entre outros títulos. Com Ahmed Moor, lançou After Zionism: One State for Israel and Palestine [Depois do sionismo: um Estado para Israel e Palestina] (Saqi, 2024). Em 2023, Laboratório Palestina recebeu menção honrosa no prêmio Moore e venceu o prêmio Walkley Book da Austrália; em 2024, venceu o prêmio Victorian Premier’s Literary, na categoria escolha do público.

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